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terça-feira, 17 de março de 2009

Ler com a cabeça e o coração




«Tu só, tu, puro amor, com força crua,
Que os corações humanos tanto obriga,
Deste causa à molesta morte sua,
Como se fora pérfida inimiga.
Se dizem, fero Amor, que a sede tua
Nem com lágrimas tristes se mitiga,
É porque queres, áspero e tirano,
Tuas aras banhar em sangue humano.



Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruito,
Naquele engano da alma ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos do Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuito,
Aos montes ensinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas. »

Luís vaz de Camões, Lusíadas, canto III






Os Lusíadas, obra de Camões, são o exemplo do género épico na poesia portuguesa, embora ofereçam momentos em que o lirismo camoniano atinge o seu ponto alto.


O episódio de Inês de Castro encontra-se no canto III d' Os Lusíadas, desenrola-se entre as estrofes 118 e 135 e pertence ao Plano Narrativo da História de Portugal. É Vasco da Gama (narrador) quem conta ao rei de Melinde (narratário) este trágico episódio que começa com o regresso vitorioso de D. Afonso IV. o Bravo, da Batalha do Salado.






A aula de ontem da turma 9º A foi dominada pela intensidade deste episódio de natureza lírica, todavia muitos alunos desconheciam o enredo amoroso que envolve a figura histórica da "linda Inês".




A saber...


O que diz a História de Portugal sobre D. Inês de Castro?





Inês de Castro descendia de uma família nobre da Galiza e veio para Portugal como dama de companhia de D. Constança, noiva do Infante D. Pedro. Nasce, então, um amor, muito criticado na época, entre D. Inês e D.Pedro.

Por razões políticas ( D. Inês era galega e a sua descendência poderia interferir nos destinos do Reino) e morais ( D. Pedro já era casado), D. Afonso IV, pai de D. Pedro, ordena a execução de D. Inês.

A 7 de Janeiro de 1355, D. Inês é degolada. Posteriormente, D. Pedro perseguirá e castigará os culpados pela morte da sua amada. O seu corpo é trasladado de Coimbra para o Mosteiro de Alcobaça, onde permanece, até hoje, ao lado de D. Pedro.


A lenda...

Segundo a lenda, as lágrimas derramadas no rio Mondego pela morte de Inês teriam criado a Fonte dos Amores da Quinta das Lágrimas, e algumas algas avermelhadas que ali cresceram seriam o seu sangue derramado.