26 de Junho de 1614
Está um dia quente, não há nuvens no céu e os raios de Sol queimam a minha pele como chamas de um fogo vivo.
A calma instalou-se, depois do grande temporal que houve ontem, ao crepúsculo. Foi assustador ver as ondas do mar entrarem pelo barco, levando com elas as vidas dos pobres marinheiros que não se conseguiram salvar.
Mas, eu sabia que não ia morrer,por mais que o vento soprasse contra nós, desviando o nosso rumo; por mais que a furiosa rebentação das ondas fosse partindo uma a uma as tábuas deste barco. Eu sabia que chegaria vivo a Vig, perdoado pelo meu pai, como capitão de um dos navios de Hoyle.
17 de Agosto de 1614
Chegámos ontem, ao nascer do dia, a uma terra muito estranha, onde a areia das suas praias queimava os pés, e lá longe, escondidos numa floresta muito densa, uns homenzinhos espiavam-nos, vestidos com roupas muito primitivas, alguns com ossos de animais pendurados do nariz. Estavam assustados. As suas peles eram escuras como carvão, os seus olhos escuros, brilhantes, estavam atentos a todos os nossos passos com medo que os magoássemos. Eu aproximei-me deles, e disse-lhes num tom amigável, suave, que tínhamos vindo em paz, mas eles falavam uma língua diferente. Experimentei falar em mais três línguas, mas, mesmo assim, não nos entendíamos. Acabámos, então, por nos entender através de gestos. Eles sorriram, e levaram-nos para as suas casinhas simples de palha, penetrando nas florestas verdes, que tinham um cheiro diferente.
Os animais à nossa volta olhavam-nos com interesse e receio, também. Deram-nos de comer umas folhas e uns animais que nunca tínhamos visto, e bebemos água da chuva que caía das árvores.
De noite, cantávamos e dançávamos os seus rituais. Embora fosse tudo muito estranho e bonito, tínhamos que regressar a casa.
Levávamos connosco agora prendas oferecidas pelos negros: pérolas, raízes, contas, animais, e memórias fantásticas que nunca mais serão esquecidas.
Quando olho para tudo isto, penso que em Vig está a minha família e o meu pai para me perdoar e eu lhes contarei todas as aventuras por que passei.
Hans
Diana Rodrigues, 8º A
Querido diário:
Parti de Vig, contra a vontade de toda a gente para conhecer os mares do Sul.
A curiosidade levou-me a esquecer o passado e a reflectir no futuro. Custa-me estar longe da família de Vig, mas tenho de seguir os meus sonhos e só assim serei feliz.
Imagino a bater das ondas nas rochas, o cheiro a maresia, o grito das gaivotas....
Espero algum dia, feliz, chegar a Vig, como capitão de um navio. Só assim provo que a minha fuga não foi em vão.
Espero que os meus pais me perdoem pelo sofrimento que lhes possa ter causado, mas sinto o orgulho de ter sido responsável por tentar ter uma vida melhor e mais conhecimentos.
O mar é um mundo. Nele sinto-me feliz e no céu. É o meu berço. Nele sonho, mas o medo também me atormenta. No mar não se confia, é traiçoeiro.
Estou a aprender a conhecer o mar. Conheci tanta gente simpática!
O mar faz-me sentir seguro...
Cristiana, 8º B