" Entre o final da década de 30 e as vésperas do 25 de Abril, foi-se definindo, em Portugal, uma tradição de poesia de resistência, de oposição à ditadura, para a qual contribuíram poetas oriundos de diferentes quadrantes, embora com relevo para aqueles que inscreviam entre as preocupações maiores da sua poética o empenhamento cívico e social. «De uma forma mais velada ou mais aberta, a lírica resistente afirmava-se enquanto poesia combativa, de denúncia da iniquidade do regime, do seu aparelho repressivo, pondo sempre em primeiro plano o seu empenho pela liberdade de que se via privada. A sua voz foi, durante décadas, lamento, protesto, acusação, imprecação, ora animada pela esperança , ou abatida pelo desânimo».
Poetas e resistentes, Jaime Cortesão, Miguel Torga, Casais Monteiro, Borges Coelho e Veiga Leitão conheceram as prisões do Estado Novo. Sophia de Melo Breyner, Natália Correia, Fiama Hasse Pais Brandão, Fernando Assis Pacheco, Manuel Alegre, dedicaram parte importante da sua obra a este tema. Alguns, para além da notoriedade literária, acabaram por atingir o maior audiência se tornar populares conhecidos devido a um outro fenómeno que começa a ganhar na década de sessenta: a canção de intervenção. Adriano Correia de Oliveira, José Afonso e muitos outros, musicaram poemas dos grandes autores da poesia de resistência. "
in: Revista de Letras e Culturas Lusófonas